Feriado nacional. E internacional.
Washington Olivetto
“Em 1992, meu amigo Nelson Motta resolveu morar uns tempos em Nova York e, na época, defendia a tese de que a melhor coisa desse seu exílio voluntário era o fato de, aos domingos à noite, ele não ter que ouvir a música-tema do Fantástico.
Segundo o Nelsinho, aquela melodia lhe provocava uma certa depressão porque anunciava a proximidade da segunda-feira.
Apesar de sua alma incomum de artista, Nelsinho tinha com relação às segundas-feiras uma alergia similar à do mais comum dos burocratas.
Já um outro amigo meu — não tão famoso quanto o Nelsinho, mas igualmente sensível — defende há anos uma tese quase psicanalítica sobre o assunto.
Ele garante que acorda de mau humor nos dias úteis porque seu subconsciente detecta que ele vai ter que inventar o dia, e esse sentimento se exaspera nas manhãs de segunda-feira porque seu subconsciente registra que ele vai ter que inventar a semana.
Para casos como o do Nelsinho, do meu amigo não tão famoso ou de outros segunda-feirafóbicos, recomendo uma terapia infalível: a audição de Feriado, o novo CD de Celso Fonseca. Um disco capaz de deixar qualquer segunda-feira de manhã com cara de sexta-feira à tarde. Ou melhor: capaz de transformar terças e quintas-feiras comuns em terças e quintas de feriadão, daquelas que permitem emendar o sábado, o domingo, a segunda e a terça ou a quinta, a sexta, o sábado e o domingo.
Feriado é puro lazer para o ouvinte, resultado de muito trabalho do autor.
Dos discos do Celso Fonseca, este é o que contém o maior índice de Celsos Fonseca per capita. Tem o Celso compositor, o Celso cantor, o Celso intérprete, o Celso produtor, o Celso arranjador, o Celso instrumentista, o Celso programador e o Celso antenado. Todos muito bons individualmente — e melhores ainda somados.
O Celso compositor brilha individualmente em três canções, mantém sua clássica parceria com o Ronaldo Bastos em mais duas e inaugura uma nova parceria com o Marcelo D2 em outra.
(…)E o Celso antenado, entre outras sacadas, revela a incomum beleza de Se Ela Dança, Eu Danço, do MC Leozinho, e descobre um samba que contém um daqueles grandes achados do inconsciente coletivo. É a canção Queda, do jovem Luciano Salvador Bahia, que faz lembrar algumas das pérolas do velho e bom Batatinha.
(…)Palmas pro sol. Palmas pro CD. E palmas pros Celsos Fonseca, que eles merecem.”
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01. Não se afasta de mim
02. Feriado ////PLAY////
03. Beleza
04. Águas de março
05. Queda
06. Viajando na viagem
07. Você não entende nada
08. Sorte
09. Ela só pensa em beijar
10. Next year, baby
11. Estrelinha